sexta-feira, 3 de abril de 2009

Robôs cientistas conseguem pensar sozinhos

02/04/09 - 18:12

LONDRES (Reuters) - Cientistas, cuidado. Os robôs podem substituí-los. Duas equipes de pesquisadores anunciaram nesta quinta-feira a criação de máquinas que podem raciocinar, formular teorias e descobrir conhecimento científico por conta própria, num grande avanço no campo da inteligência artificial.

Tais robôs-cientistas podem ser colocados para destrinchar complexos sistemas biológicos, criar novos medicamentos, estabelecer modelos do clima global ou compreender o cosmo. Por enquanto, porém, realizam tarefas bem mais modestas.

Ross King e seus colegas da Universidade Aberystwyth, no País de Gales, criaram um robô chamado Adam (Adão), capaz não só de realizar experimentos sobre o metabolismo do fermento, mas também de raciocinar sobre os resultados e planejar a próxima experiência.

É o primeiro exemplo mundial de uma máquina que fez uma descoberta científica independente -- no caso, sobre a composição genética do fermento de padeiro.

"Por conta própria, ele pode pensar em hipóteses e então fazer experimentos, e verificamos que ele obteve os resultados corretos", disse King à Reuters.

"As pessoas vêm trabalhando nisso desde a década de 1960. Quando enviamos robôs a Marte pela primeira vez, elas realmente sonhavam em robôs fazendo suas próprias experiências em Marte. Após 40 ou 50 anos, agora temos a capacidade de fazer isso."

O próximo robô, Eve (Eva), terá muito mais capacidade "cerebral" e servirá para a criação de novos remédios.

King espera que seu uso no processo de peneirar dezenas de milhares de compostos para possíveis novas drogas será de particular valia na busca por tratamentos para doenças tropicais negligenciadas, como a malária.

O pesquisador publicou os resultados na revista Science, junto com um segundo estudo de Hod Lipson e Michael Schmidt, da Universidade Cornell (Nova York), que desenvolveram um programa de computador capaz de estipular as leis fundamentais da física que estão por trás do movimento de um duplo pêndulo.

Só mastigando os números -- e sem qualquer instrução prévia a respeito da Física -- a máquina da Cornell conseguiu decifrar as leis do movimento de Isaac Newton e outras propriedades.

Lipson não acha que os robôs venham a tornar os cientistas obsoletos, mas acredita que eles podem poupar grande parte do trabalho rotineiro nos laboratórios.

"Um dos maiores problemas na ciência hoje é encontrar os princípios subjacentes nas áreas onde há muitos e muitos dados", disse ele a jornalistas. "Isso pode ajudar na aceleração do ritmo em que podemos descobrir os princípios científicos por trás dos dados."

(Reportagem adicional de Stuart McDill)

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