Netscape foi o primeiro navegador decente para a internet, nos idos dos anos 90. Seu crescimento absurdo aconteceu da noite pro dia e chegou ao ponto de Marc Andreessen, um de seus criadores, chegar a dizer que isso poderia significar o fim da Microsoft. Era melhor ter ficado de boca fechada.
A Microsoft então comprou algumas pequenas empresas de internet, entre elas uma que desenvolvia o então desconhecido Internet Explorer. A Netscape Communications planejava ganhar dinheiro com seu browser, enquanto a Microsoft passava a dar o Internet Explorer de graça com seu sistema operacional. Pronto, foi o suficiente para acabar com o Netscape, que anos mais tarde sofreu uma metamorfose e virou a Fundação Mozilla, que lançou o bem-sucedido Firefox.
A destruição do Netscape foi devastadora e mostrou a força da Microsoft. Porém, o tempo passou e vários processos antitrust depois, a empresa hoje em dia já não é mais tão invulnerável como antes. A nova ameaça agora é o Google e todo mundo sabe disso. A diferença é que o Google não cometeu os mesmos erros do Netscape.
Primeiro, que o Google jamais abriu a boca para dizer que o alvo era derrubar a Microsoft. Na verdade, sempre teve outro discurso: a de que estava interessado apenas nas buscas e em tudo que estiver agregado a elas. A Microsoft nunca havia enfrentado um discurso assim antes.
Além do discurso, o Google mantém uma imagem simpática, nunca mudou o logotipo e tem algumas extravagâncias divertidas, como ter um avião 767 para fazer festas. A companhia também aprendeu com os erros do Yahoo e manteve-ser firme no princípio de que a simplicidade é a chave do sucesso.
Mas, para mim o Google apenas tem um sistema de buscas que é melhor do que qualquer um outro. Claro, há o GoogleDocs, Gmail e outras iniciativas de computação em nuvem que a Microsoft observa com receio. Na verdade, enquanto a Microsoft ainda tenta imaginar como pode usar a computação em nuvem, o Google já lança uma versão do Gmail que funciona offline, ou seja, concorre diretamente com o velho Outlook. E antes mesmo de ele estar pronto, o Google já lançou um novo smartphone. Ou seja, é uma coisa atrás da outra. Apenas experimentos, é verdade, mas todos a um pasos do mercado.
E agora não param de falar do Google OS, que seria o sistema operacional do Google, provavelmente baseado em Linux. Tudo bem, não há nada oficial nesse sentido, mas quanto tempo leva para tirar o Android de um smartphone para colocá-lo em um netbook, por exemplo?
O Linux sofre com suas dezenas de distribuições diferentes, que confundem o usuário leigo. Todo mês tem uma distribuição que é a “melhor”, uma vez que a comunidade Linux sempre bradou que não queria competir com o Mac OS e nem com o Windows. Mas e se o Google resolver entrar nessa briga? Com os recursos e agilidade que possui, ele poderia investir pesado em um sistema operacional que deixaria o Windows com cara de dinossauro.
E como o Google iria lucrar com isso, afinal, o Linux tem código aberto? Opa, mas é aí que talvez pudesse entrar um computador do Google.
Eu sempre fiquei me perguntando por que a Microsoft, uma empresa que domina o mercado de software, nunca pensou em lançar seu computador. Já pensou um PC da Microsoft com selo da HP, por exemplo? Se a Microsoft tivesse uma estratégia para referenciar um computador, poderia ter mudado completamente a indústria de computadores há muitos anos.
Mas a Microsoft perdeu esse bonde. O Google ainda pode lançar um Android para desktops ou para netbooks. E seria muito engraçado ver a Microsoft fazer uma versão do seu Office para o Android. Isso seria definitivamente impagável. Essa possibilidade é espelho do fato de que a Microsoft parece não fazer mais as coisas com a mesma confiança de antes.
De qualquer modo, não estou aqui só pra falar mal da Microsoft. Acho que a empresa tem toda possibilidade de aproveitar o momento e transformar a situação a seu favor, talvez criando um Microsoft Linux. Por que não? Talvez fosse uma solução radical apropriada para o momento que estamos vivendo.
sexta-feira, 27 de março de 2009
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